24.1.09

ÁLVARO LAPA

A LIÇÃO DOS GRAFITTI

Varel caminha agora no campo ameno dos cactos, das trepadeiras, dos coelhos. Vai olhando em volta, satisfeito pela aragem que de momento se elevou. Afasta alguma sarça mais cerrada, busca o caminho por entre arbustos cada vez mais duros e a atenção eleva-se-lhe para o sol que oscila entre os ramos. O terreno desce agora para um ní¬tido vale onde avista pedras e um regato. Escorrega até ao fundo do pequeno abismo poeirento, e salta o regato para a outra margem. Sombrio, o lugar. Senta-se no chão e agarra o solo. A seu lado uma pedra grande, de sob cuja poeira irradia um nítido traçado intencional. Limpa e lê: O CAMPO É MUITO VASTO.

(de Raso como o chão, editorial Estampa, 1977)

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