[poemas que fazem lembrar dos amigos – 1 (André Simões)]
ANTHONY THWAITE
ESCRITA ARÁBICA
Como aranha por tinta, alguém diz, trocando: vê-a
Confusa nos jornais ou em anúncios de néon
E sugere um silabário infinitamente plástico,
Feminino, todo traços diacríticos, travessões
Nadando juntos como um cardume de vairões,
Resoluta mas indócil, medida vacilante
Dançada no sentido, ocultando vogais e exalação.
Mas em Sidi Kreibish, entre os túmulos,
Onde os crânios se ocultam em raízes de cactos,
Garras róseas estalando lápidas e pedras angulares,
Cada ponta carnosa furando para atingir a luz,
Cada pico uma híspida agulha, vê-se o severo
Limite da língua, cúfico, como uma cimitarra
Curvada num açoite, um clarão de consoantes
Como agitada esse dia saindo de Medina
Na longa punição para oeste, por ruínas e flácidos colonos,
Um vórtice de pendões negros, crescentes brancos, uma linguagem de espadas.
(tradução de Manuel de Seabra, in Antologia da Poesia Britânica Contemporânea, livros Horizonte, 1982 – original de The stones of emptiness, 1967)
o livro preferido da mãe do malogrado Bruno Rafael
Há 41 minutos
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