IVAN LAUCIK
ATÉ ÀS GRUTAS
Respirar
nos socalcos dos rochedos,
à noite.
No átrio de ar frio,
fosforescente de brilho intocável.
Entrámos pelos portões desfeitos.
É mais do que um toque,
mais do que um rito.
Tremor
de si próprio?
No silêncio do espaço da chuva
a luz desnuda-se até ao fio
e esfuma-se na claridade.
Descemos pelos filamentos de vidro
que se ramificavam como as asas das crónicas.
Êxtase puro, profundo.
Polpa de silêncio invernal
explodindo na camada de movimento
através de sons.
Noite plena de imagens
no fluir do olhar.
Levámo-las connosco?
Essas estrelas negras que rodam?
A dolorosa persistência da língua?
Fendas de calor nas paredes,
bocas cheias de terra.
E na luz frágil: vermes?
Chama branca e violácea?
Movimento
solto de si próprio.
Simples fios
capazes de florir na noite.
(de Mobilis in mobile , tradução colectiva (Outubro 1997) revista e apresentada por Pedro Mexia, Quetzal editores, 1999)
Começa a semana com isto
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