VINDEIRINHO
g_
de repente ganha vida uma angústia de pedra milen
ar da falta de memória -
grandes espingardas abandonadas em disposição quase gráfica
num salão enorme de pianos de
cauda - uma grinalda de televisões de ecran panorâmico e
uma aparelhagem
dvd
visão de baratas, uma casa abandonada no
edifício do
vento. viemos todos ver o filme, ouvir a
rajada de tiros, os vasos de flores
partidos, andas pela casa ou
vindo a voz das sombras, de
repente e passas a mão pelos meus cabelos - esqueci
me do teu nome, do teu ritmo drum n'
bass. dormes
durante a madrugada, dormes um
milénio deitada no sofá, cansada, com um gato ao colo e a
imagem fica des
focada - olhas pela varanda a paisagem
amanhã poderei acender um cigarro, não fumar um
cigarro, enquanto se conduz o automóvel pela
alameda e hoje é um dia um pouco mais ou
menos como os
outros e as imagens desvanecem como arco-íris fugazes,
apenas o alcatrão de uma estrada em numa viatura seguindo pela
chuva -
um dia um pouco mais ou
menos como os outros
o decreto de lei, os cidadãos virtuais, um
ficheiro em branco que de re
pente
ganha vida a
(de Domésticos, Black Sun editores, 2001)
POEMS FROM THE PORTUGUESE
Há 2 horas
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