ANTÓNIO ARAGÃO
SONETO
Olha o espelho: a minha boca arde.
Trago o corpo à beira de todos os perigos.
Já não ouço os passos, já não tenho amigos.
Meu coração parou mesmo ao cair da tarde.
Faço com as mãos o tamanho do medo.
Pago bilhete. Dão-me um lugar sentado.
Mas quero ir para qualquer lado
embora me digam que ainda seja cedo.
A alma suja deixo-a como está.
Limpo-me apenas por baixo dos sovacos
e não visto afinal nenhum dos casacos
exactamente porque talvez não vá
para nenhuma parte e sem nenhum sentido,
como um cão já farto de andar perdido.
(Do livro 30 Sonetos, in O escritor N.º 4, Associação Portuguesa de Escritores, Dezembro de 1994)
SONETO
Olha o espelho: a minha boca arde.
Trago o corpo à beira de todos os perigos.
Já não ouço os passos, já não tenho amigos.
Meu coração parou mesmo ao cair da tarde.
Faço com as mãos o tamanho do medo.
Pago bilhete. Dão-me um lugar sentado.
Mas quero ir para qualquer lado
embora me digam que ainda seja cedo.
A alma suja deixo-a como está.
Limpo-me apenas por baixo dos sovacos
e não visto afinal nenhum dos casacos
exactamente porque talvez não vá
para nenhuma parte e sem nenhum sentido,
como um cão já farto de andar perdido.
(Do livro 30 Sonetos, in O escritor N.º 4, Associação Portuguesa de Escritores, Dezembro de 1994)
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