D. H. LAWRENCE
ANAXÁGORAS
Quando Anaxágoras afirma: Até a neve é negra!
é tomado muito a sério pelos sábios
pois está a enunciar um «princípio», uma «lei»:
todas as coisas estão misturadas, logo na mais pura neve branca
existe um elemento de negrume.
A isto chamam eles ciência e realidade.
Por mim, chamo-lhe pedantismo mental e mistificação
e coisa absurda pois para nós é branca a neve pura
branca branca e só branca
esplendor belíssimo de brancura no branco
delícia de alma onde os sentidos
conhecem o êxtase.
E a vida é para o êxtase a delícia
o terror e a negra profecia revolta do destino;
depois é a aurora radiosa da delícia renascida
que vem da brancura absoluta da neve ou da lua imóvel.
E na sombra do sol a neve é azul, azul tão sobranceiro
com laivos de campânulas geladas da flor de cila
mas sem sombras nem sinais do luto de Anaxágoras.
(versão de João Almeida Flor, in Gencianas Bávaras e outros poemas, Na Regra do Jogo, 1983)
ANAXÁGORAS
Quando Anaxágoras afirma: Até a neve é negra!
é tomado muito a sério pelos sábios
pois está a enunciar um «princípio», uma «lei»:
todas as coisas estão misturadas, logo na mais pura neve branca
existe um elemento de negrume.
A isto chamam eles ciência e realidade.
Por mim, chamo-lhe pedantismo mental e mistificação
e coisa absurda pois para nós é branca a neve pura
branca branca e só branca
esplendor belíssimo de brancura no branco
delícia de alma onde os sentidos
conhecem o êxtase.
E a vida é para o êxtase a delícia
o terror e a negra profecia revolta do destino;
depois é a aurora radiosa da delícia renascida
que vem da brancura absoluta da neve ou da lua imóvel.
E na sombra do sol a neve é azul, azul tão sobranceiro
com laivos de campânulas geladas da flor de cila
mas sem sombras nem sinais do luto de Anaxágoras.
(versão de João Almeida Flor, in Gencianas Bávaras e outros poemas, Na Regra do Jogo, 1983)
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