ANTÓNIO CÂNDIDO FRANCO
Quatro epitáfios
a um homem
Olhei a estátua de Benvenutto Cellini sobre a ponte vecchia de
Fiorença e os grafitti que alguém desenhou.
Também o World Trade Center viu o meu carregado ar de idade.
Mas nada disso bastou. Viveu-se a vida e só aqui definitiva e
indiferente ela me abandonou.
a outro homem
A nada olhei, Eu, tudo ganhei. A terra ainda cheira à minha
estupenda e espumosa urina. Nunca na vida em nada pensei.
Eu, combati e dominei. Eu trabalhei. Porém frente à morte
eu tímido, doente e já sem líquidos, eu deveras me assustei.
a uma mulher
Vivi, bati, morri, lavei, pari, e bastei. Fui como as abelhas
e não só o mel deixei. Sim, porque também de mim ficaram as
saudades a quem tudo isto dei.
a um escritor
Já não escrevo. A estes prados distantes me retirei. E muito
aqui me espantei. Porque aí, história, rasto ou memória de mim
não encontrei. Apenas este silêncio, este jazer, absurdo e enterrado,
sem de nada aqui saber.
(in A Ideia - revista de cultura e pensamento anarquista, nº 32-33, Abril de 1984)
Sobre Guerra e Paz, de Lev Tolstoi
Há 2 horas
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