24.9.03

[outros melros II]

DANIEL S. G.

novamente os melros
ponderam
as nossas mãos

delicados
os olhos do outono
inaudíveis

amáveis na tristeza certa
do verso

e são a respiração
que antecede
o movimento dos gestos

os melros


*


no inverno morro devagar
com as pedras

olho a terra procuro as tulipas
e escrevo a sede
com a língua exposta dos melros

por toda a parte o ruído da água
ilumina a lentidão das horas

(de a respiração dos gestos, Difel, difusão editorial, 2000)

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