7.1.04

G. K. CHESTERTON

O crescente número de intelectuais que se contentam em afirmar que a democracia foi um fracasso, esquecem o aspecto muito mais trágico e calamitoso que é o facto da plutocracia ter sido um sucesso. Ou seja, que a plutocracia tem tido a única espécie de sucesso que podia ter, porque, não tendo uma base filosófica nem moral, nem sentido sequer, o seu sucesso não podia deixar de ser um sucesso material, um sucesso grosseiro. A plutocracia pode ter apenas o significado de um sucesso de plutocratas enquanto plutocratas. E esse sucesso, gozaram-no eles até há pouco tempo, quando um juízo económico imparcial os abalou como um abalo de terra. Com a democracia o caso é exactamente o oposto. Podemos dizer, com alguma verdade, que a democracia falhou; mas com isso queremos apenas dizer que a democracia falhou na sua tentativa de existir. É um absurdo dizer que os Estados Capitalistas complicados mas centralizados nos últimos cem anos sofreram com a extravagância da igualdade dos homens e da simplicidade da humanidade. Quando muito, poderíamos dizer que a teoria civil preparou uma espécie de ficção legal, segundo a qual um rico homem podia governar uma civilização, quando outrora não podia governar senão uma cidade (...)

(da Autobiografia, trad. e notas de Luís de Sousa Costa, Livraria Morais editora, 1960 - Círculo do Humanismo Cristão)

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