14.3.04

EDUARDO GUERRA CARNEIRO

RUY CINATTI


Cinatti veste roupão de seda japonês
na Travessa da Palmeira. De samurai travestido,
o sabre desembainha e salta no sobrado.
Fala-me depois de Guevara, de Cristo,
e da Virgem de Macarena de Sevilha.
Brande agora um rosário e brandy
serve. Abre a janela de repelão
e recomeça as sagas de Timor.
Recusa um charro mas conta d'outras
passas nos reinos do Oriente.
Atira ao ar as folhas dos poemas e pagelas
com santinhos. Impaciente enxota-nos.
Mas volta ao patamar da escada, aos berros,
para dizer que o chá abriu.

(de Contra a Corrente, & etc, 1988)

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