27.5.04

[na minha cidade não são tílias, são jacarandás, mas o fim de tarde é também bonito]

INÊS LOURENÇO

FEIRA DO LIVRO


Enfunava a laringe, relendo
as tão editadas palavras
onde ornara a humanidade campestre
da sua infância, em
vibráteis reverberações
para os jovens de trémulas pestanas
atentos na assistência à cerimónia
que o pavimento suportava, enquanto
lá fora balouçavam as tílias
acima dos bancos vermelhos,
escurecidos pelas sombras
do fim de tarde.

(de Teoria da Imunidade, Felício & Cabral, 1996)

Sem comentários: