30.3.06

JOSÉ DO CARMO FRANCISCO

QUINTO OLHAR


Olha o vidro - vê só uma sombra
automóveis e peões na rua, a luz,
a reflexão dos sonhos no azul.

Não se levanta - fica logo presa
e prende numa esfera (talvez) azul
o peso da voz que não a revela.

Não revela nem persegue - só vê
permanece no registo (nada mais)
o sufocado desenho da palavra.

Quem reparar bem não lhe fixa nada
- perde todo o tempo no olhar
e enche a tarde com a sua imagem.

(de poemas do olhar, in 1983 um resumo, jornal "O Mirante", 1991)

1 comentário:

Ruy Ventura disse...

amigo

a edição de 1983 um resumo não é do autor, mas do Jornal o Mirante, da Chamusca