27.2.08

[de como um leitor acha não se haver desencontrado com a memória deste poeta #2]

ANTÓNIO RAMOS ROSA

(...) A sua profunda insatisfação, mais de raízes ontológicas do que religiosas, leva-o a uma implacável inquirição do real e, consequentemente, ao despojamento de todas as certezas e logros, de todo o sentimento de identidade e de segurança. Interrogando-se, buscando-se, enfrentando obsessivamente a morte e a solidão, é este poeta um dos que melhor testemunham a situação espiritual do homem contemporâneo, para o qual encontra fórmulas de um raro poder expressivo. Se ele atesta a impossibilidade de uma total aceitação da vida, nem por isso a sua poesia se exime à permanente e renovada tentativa de criar um espaço respirável.

(excerto da nota sobre Ruy Belo, in Líricas Portuguesas - quarta série, Portugália editora, 1969 – Antologias Universais)

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