[de como um leitor acha não se haver desencontrado com a memória deste poeta #7]
JOSÉ DO CARMO FRANCISCO
R. B.
Escrevo-te cartas longas em longas tardes de esplanada
E repito constantemente coisas datas e palavras
Nas tuas praias e nos teus livros respiro os poemas
Como se fosse possível eu compreender tudo
Escrevo-te cartas que não chego nunca a pôr no correio
Não sei a tua actual direcção nem saberei
Se mesmo tendo direcção gostarias de as receber
Ou se a leitura te poderia provocar alguma alegria
Escrevo-te cartas e demoro-me com medo na tarde
Quando o céu se transforma numa nuvem cinzenta
Que se abre como se fosse a boca de alguém
À procura das palavras soletradas pela morte
(de Iniciais, Moraes editores, 1981 – Círculo de Poesia)
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Há 1 hora
4 comentários:
Não admiro a ausencia de comentarios as pessaos não têm tempo
Caro José do Carmo, ter tempo, até têm, mas é um tempo detergente.
Excelente este poema.
Do pouco que ainda te conheço, revejo-te neste belíssimo poema do Ruy Belo.
Lia
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