11.2.08

[Pretendo continuar #2. Novena de desagravo.]


DAVID MOURÃO-FERREIRA

XIII


Assim que te despes
as próprias cortinas
ficam boquiabertas
sobre a luz do dia

Os teus olhos pedem
mas a boca exige
que te inunde as pernas
toda a luz do dia

Até o teu sexo
que negro cintila
mais e mais desperta
para a luz do dia

E a noite percebe
ao ver-te despida
o grande mistério
que há na luz do dia

(de O Corpo Iluminado, 1987)

1 comentário:

Huckleberry Friend disse...

Apoio o desagravo, que não gosto de censores. E agradeço o poema, porque adoro o poeta. Abraço.