25.12.08

MÁRIO GARCIA, S. J.

Hino das Matinas do Natal


Traz
a sentinela,
à raiz do vento,
a gruta.

A ave, a neve,
dilata a madrugada.

A luz
difunde
a palma.

O odor do pinheiro
entra na água,
impregna o ar.

Dentro da nuvem, a pomba.

O ovo da criação,
a semente,
nasce.

O fogo
clama
o coração.

A nova eternidade
começa no poema,
por um sinal de amor.



Hino das Segundas Vésperas de Natal

Menino
quase sozinho
no seio da Virgem Mãe,
dá-me
teu sorriso
palhinha do nada.

Traz
numa carícia agora
o luar,
a mão divina
sentinela luz
da noite.

Para ti
nossa canção
se evola,
nostálgica palavra
lentamente sendo
vida.

Flor de cinza
o nosso coração
alado,
ao teu presépio
na raiz do vento
voa.

Deus
à madrugada
leva o berço,
silêncio
em que se aninha o dia.

Estrela do céu
a lágrima do mundo
abrasa em nós,
mar
do infinito
amor.

(de Roma, Vieira, Veneza, Autores de Braga, 1998)

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