24.12.08

[muita pressa e pouco amor]

VITORINO NEMÉSIO

NATAL CHIQUE


Percorro o dia, que esmorece
Nas ruas cheias de rumor;
Na minha alma vã desaparece
Na muita pressa e pouco amor.

Hoje é Natal. Comprei um anjo,
Dos que anunciam no jornal;
Mas houve um etéreo desarranjo
E o efeito em casa caiu mal

Valeu-me um príncipe esfarrapado
A quem dão coroas no meio disto,
Um moço doente, desanimado…
Só esse pobre me pareceu Cristo.

(de O Pão e a Culpa, 1955)

1 comentário:

Anónimo disse...

SE BEM ME LEMBRO (À MEMÓRIA DE VITORINO NEMÉSIO)


Se bem me lembro,
com saudade o faço.

Recordo com emoção
o som da sua voz
e aqueles desenhos
que pintava,
enquanto gesticulava,
na nossa imaginação.

Do Homem
tive,
já no seu poente,
uma ténue ligação.

Do Ser
tenho
uma enorme recordação,
presente
e sempre viva no meu coração.
Ele
que é, para mim,
uma nascente
neste desejo de escrever.

Do Mestre,
terei
a eterna convicção
que a sua universalidade
provinha da sua simplicidade.

Se bem me lembro,
com amor o faço ...


Rui,

desculpe o colocar de palavras minhas, mas este homem era qualquer coisa de extraordinário.

Muito obrigado!
Vicente