[muita pressa e pouco amor]
VITORINO NEMÉSIO
NATAL CHIQUE
Percorro o dia, que esmorece
Nas ruas cheias de rumor;
Na minha alma vã desaparece
Na muita pressa e pouco amor.
Hoje é Natal. Comprei um anjo,
Dos que anunciam no jornal;
Mas houve um etéreo desarranjo
E o efeito em casa caiu mal
Valeu-me um príncipe esfarrapado
A quem dão coroas no meio disto,
Um moço doente, desanimado…
Só esse pobre me pareceu Cristo.
(de O Pão e a Culpa, 1955)
Ladainha dos póstumos Natais
Há 1 hora
1 comentário:
SE BEM ME LEMBRO (À MEMÓRIA DE VITORINO NEMÉSIO)
Se bem me lembro,
com saudade o faço.
Recordo com emoção
o som da sua voz
e aqueles desenhos
que pintava,
enquanto gesticulava,
na nossa imaginação.
Do Homem
tive,
já no seu poente,
uma ténue ligação.
Do Ser
tenho
uma enorme recordação,
presente
e sempre viva no meu coração.
Ele
que é, para mim,
uma nascente
neste desejo de escrever.
Do Mestre,
terei
a eterna convicção
que a sua universalidade
provinha da sua simplicidade.
Se bem me lembro,
com amor o faço ...
Rui,
desculpe o colocar de palavras minhas, mas este homem era qualquer coisa de extraordinário.
Muito obrigado!
Vicente
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