ISABEL FRAGA
O LAGO
Os remos afundaram-se
No olhar do lago
Levando ao longo
Das raízes líquidas
O peito estreito e fundo
Onde cabíamos
Perdi o tempo
 beira da consciência
Onde fiquei
Rocha, frágil, areia
Tocando aquele olhar
Doído e claro
Que o sol tornava
O espaço
De todos os sons
Por muitos meses
Busquei os pássaros
E os peixes
Para reconhecer
Um pouco de alma
Na imagem fria
E alongada
Que bebiam
Quando por vezes
No corpo
Do céu líquido
Se olhavam estranhos
Parecendo conhecer-se.
(de Face, Gota de Água / Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1984 – colecção Plural)
Já faltou mais.
Há 1 hora
1 comentário:
Sou fascinada por poesia. Este poema é lindo. Não conhecia.
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