5.9.09

LUÍS BRITO PEDROSO

MANHÃ


Caminho pelo granito de mil cidades e pergunto-me:
será que a manhã acabou?
Durante a manhã não importa em que cidade estamos.
Apenas aquela que vemos

Durante a manhã não sabemos sequer que existimos
Vivemos uma extensão do sonho
do sono
Mas parece que a manhã está a findar

Ao pisar essa pedra pensei:
preciso de um lugar onde me possa esconder do fim
da manhã
Onde não possa ser detectado pelo meio-dia
e tudo o resto demore mais a chegar

Espero pela noite mas vou visitando a madrugada.

(de O Meu Nome e a Noite, Papiro editora, 2007)

2 comentários:

Paula Raposo disse...

Maravilha!!

pdah disse...

andei arredado destas lides cibernéticas algumas semanas... fico contente por ver aqui publicado este poema que escrevi há quase dez anos!