Jorge Listopad, no seu blogue em papel de jornal, Sol & Sombra, fala de duas das exposições que referi a semana passada:
23 de Janeiro - A fotografia de Gérard.
Gérard Castello-Lopes, amigo de muita gente porque gosta, é (excelente) fotógrafo, pela mesma razão. Quando não gosta, não fotografa. Homem feliz. Actualmente, expõe sob o título "Oui Non" no CCB: 150 ou mais fotografias desde 1956, pretos nos brancos.
Observemos o que observa o fotógrafo e como o faz. Dos plongés sedutores do início, de vidas distantes, até chegar mais perto, aos bancos públicos, horizontais sem horizonte: eis a agitação aparentemente tranquila do mundo. De ligeiros toques neo-realistas até à arquitectura da solidão. Tudo real - tudo ficção. Tudo ficção - tudo real.
Em síntese: do primeiro processo de assimilação ocasional em evolução até ao processo selectivo e exclusivo. Uma vida de pudor: o seu documento; o alibi fotogénico.
28 de Janeiro - Noronha da Costa
Não haverá muitos dias para ver (rever) a exposição de Noronha da Costa no Centro Cultural de Belém. Mas imaginemos, essa pintura tão anti-euclidiana, sem sustentação de ângulos, se fosse apresentada em espaços deformados, ambíguos, as superformas soberanas, embora tudo mal definido, em vez dessas paredes regulares iluminadas regular e correctamente. Imaginemos a exposição de Noronha da Costa dramatizada, encenada: que grande teatro do heterocosmo. Que simulação de outro mundo sem vertical, sem horizontal.
(na última página do JL que saiu hoje)
Já faltou mais.
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