7.2.04

Faz hoje oito dias, publiquei aqui uma tentativa de tradução de um poema de Cummings.
Este fabuloso poeta é considerado por muitos como intraduzível e quem o lê no original fica exactamente com a sensação de que aquilo tudo só é possível na língua inglesa. E por isso mesmo, creio eu, se sente tanto a vontade de o traduzir.
Inesperadamente, durante a semana, chegaram-me duas novas propostas (ou melhor: contributos) para uma tradução deste poema: da Márcia Maia e da Sandra Costa, sem uma saber da outra.
Parece-me que é isto que é o prazer de ter um blog.

(a da Márcia:)

acima no silêncio do silêncio
verde com uma terra branca dentro

tu(beijar-me)irás

lá fora na manhã na manhã tão
nova com o mundo quente dentro

(beijar-me)tu irás

por entre a luz do sol a bela luz do
sol com um dia claro dentro

tu irás(beijar-me)

no fundo da tua lembrança
e uma lembrança a lembrança

eu(beijar-me)irei.




(a da Sandra:)

subir ao silêncio esse verde
silêncio com uma terra branca dentro

tu vais(beijar-me)sair

para a manhã essa jovem
manhã com mundo morno dentro

(beijar-me)tu vais

entrar na luz do sol essa bela
luz do sol com um dia firme dentro

tu vais(beijar-me

descendo à tua memória e
à memória e memória

de mim)beijar-me(irei)

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