7.8.09

IVONE CHINITA

POEMA TREMENDO


do tremendo poema que já fiz
ou antes do tremendo poema ficaram
gestos poucos diluídos
no ar pesado para respirar
como cinzenta era a ilha
e tremenda a solidão dos passos
deslocados sob os pés de
marinhante

a tristeza da criança
sentada ao meu lado
ocultando as nódoas da blusa

a roupa inevitável pendurada
nas cordas
a dor nas costas da mãe
lavando uma vida toda
lavando uma vida toda

mas tremenda, tremenda mesmo
é esta tarde parada
em que não temos coragem
de soprar no vento

(de Outra versão da casa, edições Base, 1980)

1 comentário:

Hugo Simões disse...

Rui,

tens email...

Escuto.

Aquele Abraço