21.9.11

ANA MARQUES GASTÃO



Perante a absoluta morte

o ínfimo dia


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O mundo - metáfora incompleta
do desequilíbrio.
E eu a escassa palavra.


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Subimos 
pelo silêncio 
quando a chuva 
cria incerta 
o poema 
de cal e água.

O amor
é então
ar e peso
incapaz
de conter
a precisa forma.

Nada 
é coeso. 
A sombra 
súbita e nítida 
traz a memória 
separada.

E teu sono 
impõe um corpo 
em frémito
ou voo 
quando 
baixa o sol.


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A paisagem é lenta
e descai em tuas pálpebras.
A vida é isso.
Coisas nossas
buscam connosco
destruição quando
se dissolvem na paciência
de um final exacto.


(de Nocturnos, Gótica, 2002)

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