ÁLAMO DE OLIVEIRA
Nasceu na Ilha Terceira, Açores, em 1949.
Publica poesia desde 1968. Publicou também obras de ficção e teatro.
A sua obra poética até 1980 está reunida em Triste Vida Leva a Garça, editado em 1984 pela editora Ulmeiro na colecção Imagem do Corpo, tendo continuado a publicar.
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isto de andar da casa à oficina
os dias todos da vida
a vida toda da morte
cansa
também o violeta não é cor
que dê forma ao coração
a gente sofre quando entala os
dedos dos versos no erro mínimo da técnica
e só então aprendemos que as palavras
são anjos monstros crianças quietas a
rara flor
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isto de alterar a geografia do corpo
do poema mover-lhe os montes
virgulados as planícies reticentes o
reflexo dos rios a exclamar
perguntas
cansa
ainda deixar o corpo sem nódoa
com seus jardins perfeitos suas árvores
podadas de adjectivos escusos e extirpadas
as ervas daninhas - seus abcessos de perífrase
custa lavar a paisagem
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isto de tecer os fascínios da palavra
com a mesma ciência com que penélope
teceu e desteceu os fios límpidos
da saudade
cansa
a mão volteando no tear a pancada
que
a poesia é
quente
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isto de morrer coroado de
ervas musgos colares de sécias a faca
no peito em amor-perfeito
cansa
porque do mar virão as garças
com versos no bico e
nos olhos uma tristeza de lira
amor talhada
nos caminhos do poema
o funeral da brisa
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isto de amar amar todos
os poetas do mundo seus hinos
de sandálias - peregrinos do sonho -
cansa
apagar o fogo redondo
do girassol na cama
a poesia e seu sorriso de água
na sombra
(de erva-azeda, edição do Autor, 1987)
Luzes
Há 2 horas
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