17.2.04

MICHEL QUOIST

Faze, Senhor, que eu evite as pancadas sem rumo que cansam e magoam, e não atingem o inimigo.
Afasta de mim estas cóleras espectaculares, que chamam a atenção mas deixam inutilmente enfraquecido.
Não permitas que orgulhosamente eu queira sempre preterir os outros, esmagando, ao passar, os que vão à frente,
Apaga do meu rosto o ar sombrio das tempestades vencedoras.

Ao contrário, Senhor, faze que calmamente eu preencha os meus dias, tal como o mar lentamente recobre toda a praia.
Faze-me humilde como o mar, quando silencioso e ameno avança sem se fazer notar.
Dá-me a graça de esperar os meus irmãos, medir os meus passos pelos deles, para com eles subir.
Concede-me a perseverança triunfante das ondas.
Faze que cada um dos meus recuos seja ocasião de subida.
Dá a meu rosto a claridade das águas límpidas, à minha alma a brancura da espuma;
Ilumina a minha vida como os raios do Teu Sol fazem cantar o espelho das águas,
Mas sobretudo, Senhor, faze que eu não guarde para mim esta Luz, e que todos os que de mim se aproximem voltem a casa ávidos de se banharem na Tua Graça eterna.

(de Poemas para Rezar, 6ª ed: Moraes editores, 1970 - tradução de Lucas Moreira Neves, revista para Portugal por Pedro Tamen)

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