13.5.04

ANTÓNIO FERREIRA

À VIRGEM DA LAPA


A esta lapa vimos, Virgem Santa,
Humildes, e devotos peregrinos.
Que os olhos sejam de te ver indinos,
ver o que o mundo todo alegra e espanta,

e que a pureza em nós seja tanta,
tua graça nos fará, Senhora, dinos
de ouvires nossos versos, nossos hinos,
que cada alma fiel te ofrece, e canta.

Grandes são teus poderes, tuas grandezas,
Novos sinais, Senhora, não esperamos:
despois de Deus, de ti tudo mais cremos.

Alimpa em nossas almas suas torpezas;
desfaze as névoas, com que nos cegamos;
e estes grandes milagres cantaremos.

(de Poemas Lusitanos, 1598 - edição crítica de T. F. Earle, Fundação Calouste Gulbenkian, 2000)

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