POETAS IMPROVÁVEIS (III)
ARTUR JORGE
Nasceu em 1946, no Porto.
Começa a jogar futebol em 1960, nos juniores do FC Porto, passando para a equipa principal. Em 1965 tranfere-se para Coimbra, para jogar na Académica e para o curso de Filologia Germânica, que só acaba em 1975, em Lisboa, em virtude da sua transferência para o Benfica e depois para o Belenenses. Entretanto ganha quatro campeonatos, duas taças de Portugal e duas botas de prata. Quando termina a carreira de jogador vai para Leipzig (na então RDA) para tirar os cursos de Futebol e Metodologia do Treino. Desde então tem sido um dos mais conceituados treinadores de futebol do nosso país, tendo chegado a treinar a Selecção Nacional. Actualmente treina a Académica de Coimbra.
Sei
uma fonte
com um peixe
azul
(a este olhar
se esconde)
em seu lugar
tudo
nasce
nada
à tona de água
*
Uma estátua
está poisada
como todas as estátuas anteriores
sobre os ombros
de aquário
no fundo da água
(dizem)
há uma outra estátua
quase branca
transparente
a terceira é a mais alta
está deitada
de súbito vê-se o corpo
embora ausente
*
Vê-se
claramente
como a sombra cora
ao bater na face da água
(as figueiras
inumeráveis e graves
trajam de negro
pelos campos de Granada)
Com as mãos em roda dos touros
parte a alegria toda
inclinada
(de Vértice da Água, edições «O Jornal», 1983)
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