JOANA DA GAMA
Soneto
Quem consigo puder o desejo enfrear
Estará livre de esperanças compridas
Que com suas tardanças consumem as vidas
E a todos estados dão muito pesar,
E o tempo se nos vai sem nos aproveitar.
De tamanhas mágoas andemos temidas,
Pera quantas vierem bem apercebidas,
Por que com as virtudes nos possamos pagar
Com desejo perfeito de as sempre seguir.
Julguemos o porvir pelo que é passado,
Que tudo a ua medida se há-de medir.
Não gastemos o tempo mal gastado,
Que esta é a perda que é mais de sentir,
Quem da graça de Deus estiver dotado.
(de Ditos da Freyra. Ditos diversos feytos por hua Freyra da Terceyra regra. Nos quaes se cõtê sen têças muy notáveis, e avisos necessarios, Évora, André de Burgos, 1555 / reproduzido em Uma Antologia Improvável - A Escrita das Mulheres (Séculos XVI a XVIII), organização de Vanda Anastácio, Relógio d'Água editores, 2013)
Soneto
Quem consigo puder o desejo enfrear
Estará livre de esperanças compridas
Que com suas tardanças consumem as vidas
E a todos estados dão muito pesar,
E o tempo se nos vai sem nos aproveitar.
De tamanhas mágoas andemos temidas,
Pera quantas vierem bem apercebidas,
Por que com as virtudes nos possamos pagar
Com desejo perfeito de as sempre seguir.
Julguemos o porvir pelo que é passado,
Que tudo a ua medida se há-de medir.
Não gastemos o tempo mal gastado,
Que esta é a perda que é mais de sentir,
Quem da graça de Deus estiver dotado.
(de Ditos da Freyra. Ditos diversos feytos por hua Freyra da Terceyra regra. Nos quaes se cõtê sen têças muy notáveis, e avisos necessarios, Évora, André de Burgos, 1555 / reproduzido em Uma Antologia Improvável - A Escrita das Mulheres (Séculos XVI a XVIII), organização de Vanda Anastácio, Relógio d'Água editores, 2013)